Camila Farani no palco, um auditório com mais de 3000 pessoas, sessão de perguntas aberta.
Levanta uma pessoa, pega o microfone e pergunta:
“Devo ter um insta pessoal ou profissional?”
Tenho notado que as pessoas têm essa dúvida em todos os lugares, não só no meio do Rio Innovation Week - a maior feira de empreendedorismo da América Latina.
Essa, sem dúvida, é a pergunta que mais recebo também.
Tem muitos aspectos que precisam ser analisados nessa questão, principalmente o fato de que ainda enxergamos CPF e CNPJ como lados separados e, até mesmo, opostos.
Vou explicar a utilidade de cada um dos perfis, prós e contras, como usá-los de forma estratégica e qual indico sendo você uma profissional liberal.
A primeira coisa que a gente precisa trazer para essa conversa é o entendimento de que O INSTAGRAM É UMA FERRAMENTA.
Isso, o insta é uma ferramenta. Ele não é a sua empresa toda.
Ele é um canal entre você e seu público - que, conforme você for aumentando essa relação, desse público sairão seus clientes.
O Instagram é, sem dúvida, uma ferramenta muito poderosa de comunicação. Não podemos desprezar sua grandeza nesse sentido.
Dados estatísticos deste ano mostram que o Instagram é a terceira rede social mais utilizada no Brasil, com 122 milhões de usuários.
Faça esse teste na vida real:
Se você estiver numa fila, numa sala de espera, no metrô, no meio de um show, olhe para o lado e veja o que a pessoa está fazendo com seu celular. Das duas, uma: ou ela estará no whats ou no insta. Não precisa ser mágico para saber.
O insta tomou essa proporção porque, de fato, ficamos muito tempo nessa rede, é por isso que os negócios e marcas pessoais (como nós) que querem crescer, estão cada vez mais lá, explorando e criando sempre novos formatos - e formatos cada vez mais originais - para chamar a atenção das pessoas.
O insta, então, tem como finalidade criar esse espaço de interação entre você e seu público.
Estou repetindo isso pra gente já ir memorizando que o instagram é também sobre trabalho.
Dessa interação, você formará sua rede de contatos, você chamará a atenção das pessoas sobre seu trabalho e você realizará vendas.
É por isso que ele merece esse olhar mais profissional - mesmo que você tenha só um perfil pessoal.
Aqui vem uma confusão das grandes.
O Instagram pessoal que todo mundo fala não é exatamente sobre “por a foto do meu cachorro ou outras coisas pessoais”, aliás, é muito além disso.
Claro que você pode ter um insta pessoal fechado e só aceitar seus amigos e colocar o que você quiser lá.
Acontece que, muitas das coisas que colocamos num insta pessoal fechado é justamente o que falta no insta profissional para humanizar nossa marca, nosso nome.
Se você quer manter o insta pessoal fechado, sugiro que ESCOLHA algumas coisas legais sobre você e coloque também no insta profissional, caso você opte em ter os dois perfis ativos.
Porque é justamente isso: você pode ESCOLHER. É um recorte. Um recorte da sua vida.
Escolha os recortes que retratam quem você é, de assuntos que você se interessa e traga-os na sua rede profissional para sustentar sua identidade ali.
Traga todos os assuntos que dizem respeito sobre você, e sim, que podem incluir cachorro, livros, família, cursos, conquistas, temas do seu interesse. É a partir dessas postagens mais pessoais que você cria essa ponte de identificação com seu público: dessa identificação surge a conexão tão importante para conquistar clientes.
Esses assuntos acabam sendo uma forma de chamar a atenção das pessoas que gostam do jeito que você é e que compartilham dos mesmos valores que você. Por isso é uma produção de conteúdo pensada, não feita de qualquer jeito.
O Instagram pessoal é muito indicado para quem está em processos de transição de carreira, para quem ainda não quer criar um insta profissional, digamos assim.
Você pode começar um trabalho muito interessante de posicionamento mesmo no perfil pessoal, utilizando-o de forma estratégica. Vamos lá:
Imagina que uma dessas pessoas - que te segue - está num jantar com amigos, e alguém fala que precisa conhecer uma profissional da sua área. Esse seu amigo, vai lembrar, MESMO QUE SEJA UM INSTA PESSOAL: “ah, eu sigo uma pessoa que é minha amiga e ela fala super bem sobre esse assunto, gosto muito do que ela fala sobre isso, gosto da visão dela - segue ela aí”.
CPF E CNPJ SÃO CASADOS, mesmo que a gente tenha dificuldade de ver isso. E a maior prova é essa: mesmo num insta pessoal, você pode estar sendo vista profissionalmente e indicada por seus amigos e familiares.
A maior prova - também - de que sim, o instagram não é um diário, é trabalho. E, sendo trabalho, merece nosso olhar estratégico.
Pergunte-se:
Sendo assim, observe:
SUA HISTÓRIA É SUA MARCA.
Já está tudo aí, você só precisa começar a por pra fora, sem se preocupar tanto com a ordem.
O mais importante é você lembrar que você já está sendo vista, mesmo que seja só por conhecidos, mas ainda assim, com consciência sobre o que quer transmitir sobre você.
Essa é uma forma de ver o nosso nome como uma marca. Gente, e ele é, mesmo que a gente ache que não.
Temos deixado nosso rastro por onde temos passado tudo através do nosso nome.
Seja no perfil pessoal ou no profissional, não pense que você precisa “mostrar sua vida”. A questão aqui não é ser ÍNTIMO, mas ser PESSOAL.
Ser pessoal e provocar conexão com as pessoas vai além de “tenho que me expor.”
E aqui mora um grande tabu que temos ainda que é de separar as coisas como se fôssemos duas pessoas diferentes: essa sou eu pessoa, essa sou eu na empresa.
Isso não quer dizer que você não possa ter 2 perfis, mas a questão aqui é entender que todo perfil profissional precisa ser humano, precisa ter uma cara, precisa ter uma filosofia, porque é através disso que as pessoas se conectam e, consequentemente, compram.
Essa é a tradução do famoso “pessoas compram de pessoas.”
Veja a Apple - até eles tinham um rosto. Steve Jobs humanizou a Apple, nos fez sonhar, nos provocou emoções através das suas falas. Toda vez que olho para meu Iphone, sinto que tenho essa filosofia comigo - que é MUITO ALÉM DE UM PRODUTO.
Quer explicação? Talvez não tenha - simplesmente porque nossos comandos emocionais é que dominam a parada toda, são reflexos fisiológicos, não se explica, se sente.
É por isso que toda venda se for muito “quadradinha”, talvez a gente compre porque precisa mesmo. Ah, me dá aí um martelo.
Agora, escolher um profissional liberal que vai tocar (literalmente) em você, vai conversar, saber das suas questões mais íntimas (psicólogas, terapeutas, advogadas, médicas, dentistas) muda tudo.
Essa pessoa tem que passar confiança, tem que se mostrar gente.
Profissionais liberais tem ALTO GRAU DE PROXIMIDADE com seus clientes, já tinha reparado nisso?
Então, meu conselho é: não use seu insta profissional com fotos só de bancos de imagens, não só com informações duras, do tipo que o google responde.
Lembre-se: é um lugar de transmitir credibilidade, realidade, conexão e confiança.
É por isso que se chamam “redes sociais” e não “redes comerciais”.
CONFIANÇA é uma palavra chave se você é profissional liberal justamente pelo alto grau de contato que um cliente tem com a gente. O cliente precisa perceber que, além de dominarmos tecnicamente nosso trabalho, também somos pessoas confiáveis, do bem e éticas.
Eu tenho certeza que cada coisa que você faz tem muito de você ali, tem seu jeito de ver, tem seu jeito de trabalhar.
Vou te ajudar: documente seu dia, explicando as coisas que está fazendo e como faz. Use essa mentalidade enquanto não conseguir ver de forma mais estratégica e, acredite, você estará fazendo o melhor marketing que eu acredito: o seu, original e real.
Eu uso tudo junto. Acho também que não teria paciência para alimentar dois. Um já me dá trabalho que chega - risos.
Mesmo que eu tivesse um pessoal, gente, eu não sei se falaria mais do que já falo no meu profissional.
Não é para mostrar tudo, entende?
Até porque tem nossa intimidade e esse limite você mesma vai colocar, SEMPRE, mesmo numa conta só para amigos.
E penso que esse é um fator importante para o meu negócio: eu sou uma mentora de acordo com o que vou aprendendo na vida. Essa é a minha forma de mentorar. Não é só técnica que eu compartilho, é sobre aprender a ver a vida. Na minha estratégia de divulgação, não teria nenhum sentido ter só informações técnicas.
Isso também é importante de você analisar: qual a sua natureza?
Você precisa ser fiel à sua natureza, porque será bastante comum você achar que está fazendo algo de errado. Mas você não está, você terá que aceitar que você é assim, que você gosta de fazer as coisas do seu jeito, e que para ganhar dinheiro e sustentar seu negócio, talvez você não precise de milhares de seguidores, nem viralizar.
Você precisa respeitar a sua natureza, quem você é, e ir abrindo caminhos a partir disso.
Esse é o trabalho mais lindo e mais oculto que as redes sociais estão fazendo por nós - fazer com que a gente se veja de verdade.
Não adianta olhar um monte de coisa, copiar ou fazer de um jeito que não sou eu só para “dar ibope”. Se eu bem te conheço, você não ia achar graça nenhuma isso.
Graça para mim e graça para você é a gente sentir que é LIVRE para ser quem a gente é, levando nossa mensagem pelo mundo e chegando nos clientes que precisa chegar, através do nosso verdadeiro EU.
A construção dessa identidade faz com que as pessoas que gostam do que eu gosto cheguem até mim. Esse, com certeza, é um ponto diferencial do meu negócio: as pessoas certas chegam e ficam, e o melhor, gostam do meu trabalho - porque, de alguma forma, elas sempre estiveram bem próximas pelas coisas que eu posto.
Conto minha história sempre, falo dos meus interesses, meu dia a dia, minha visão, meus livros, minha conduta, minhas aulas de filosofia, meus estudos, meu lazer ….
Penso que tudo isso emoldura a forma como ajudo pessoas.
Não é somente o que eu sei que importa, mas o que eu vejo e aprendo com a vida.
Sinto que as pessoas chegam até mim hoje muito por esse motivo: pela sensibilidade que eu mostro nas minhas redes sociais.
Independente de tudo isso, há algo maior que você precisa saber: estar presente nas redes sociais é, sobretudo, ter vontade de se relacionar com as pessoas. É aqui onde tudo começa. Por isso, vale muito mais algo que seja autêntico seu - porque será através dessa lente que as pessoas sentirão - e conhecerão - você.
.Pense nas pessoas maravilhosas que você conhece, seus artistas preferidos e de como eles acreditaram que tinham algo a colocar no mundo.
Chegou a sua vez e você é a próxima estrela a brilhar.
(seria um desserviço que nossa cantora preferida não acreditasse na sua voz e tivesse vergonha de se expor. Não podemos ter mais vergonha do nosso brilho. Isso não é sobre exposição, isso é sobre mostrar ao que nós viemos).
Com amor,
Roberta.