Eu decidi ir para Piracanga porque sentia que eu queria me sentir de um novo lugar: tudo tinha ficado tão sério, tão pesado...
Pelos acontecimentos que te contei no primeiro post de Piracanga, eu sabia que eu precisava voltar à minha essência, entendendo a profundidade que isso poderia ter.
Por isso que essa coisa de não usar make, não usar nada, foi libertador demais pra mim: eu podia me ver, de verdade, no espelho, sabe? Óbvio que o contexto todo favorece, eis a importância das experiências - às vezes é preciso sair do teu lugar, fisicamente, para lembrar quem você é através dessas vivências. Ajuda no processo.
Lá a gente não tinha nada, e tinha tudo.
Piracanga estava recebendo turistas de todos os lugares, pois havia o ano novo coletivo.
Nessa programação, que era super extensa, tinha desde yoga às 4h30 da manhã até oficina de tantra até à meia-noite. Muitos terapeutas moram em Piracanga, e esses profissionais então divulgavam seus trabalhos através dessa programação. Tinha tudo o que você pode imaginar: meditação, banho de lama, palestras, reiki, tantra, dança circular, yoga, tantra, banho de floresta, bailinho de forró...
Cada dia era dedicado à um elemento: esse dia era da Terra.
Contextualizando Piracanga: está localizada na Península de Maraú, no sul da Bahia. Era uma fazenda de coqueiral abandonada, e foi reflorestada em cima de areia - não de terra. Isso é bizarro lá. Tem uma floresta que foi plantada há 15 anos onde só existia areia.
Tem um encontro mágico do rio e do mar. Sério, é demais!
Há um espaço, que eles chamam de Centro Holístico, onde tem o restaurante, uma espécie de coworking com internet, as hospedagens. E, na volta, há inúmeras ocas bem grandes onde acontecem os cursos e eventos. Isso é muito efervescente esse Piracanga - eu não tinha ideia, mas muita coisa acontece lá, durante todo o ano.
Esse Centro Holístico tem um gestor, que deixou seu trabalho na Endeavor como mentor, para procurar uma vida mais próxima de seus filhos e da natureza.
Tem o restaurante que é vegano. Uma delícia o que as aquelas pessoas fazem, porque os pratos são lindos, delicados e deliciosos.
Concomitantemente, acontecia o curso para qual eu fui fazer, de Marc Kirst, através de sua empresa, Mundos Possíveis.
Nos encontrávamos durante umas 2 ou 3 horas por dia, e o restante do tempo era livre. Nosso grupo tinha 18 pessoas, comigo.
Confesso que a parte mas desafiadora pra mim é agora, de todos os textos que fiz até aqui de Piracanga: falar do que eu aprendi com esse cara aí.
Decidi fazer uma listagens de aprendizados.
Quando você se conecta assim, com a coluna ereta, você já se sente diferente. Marc faz a provocação para que pensemos a partir desse lugar, do nosso centro, sabendo quem a gente é mesmo quando tem tantas outras pessoas ao nosso redor.
Como é fazer, viver e escutar do seu centro?
O que eu quero. O que não quero. O que me serve.
Quando estou no meu centro, sei quem sou.
Quando estou no meu centro, confio em mim.
Quando estou no meu centro, não me abalo por qualquer coisa.
Quando estou no meu centro, não quero dar ou roubar o centro de outra pessoa.
Qual emoção faz você perder o seu centro?
Percebemos, na hora, que pensamos e agimos de um lugar de não-centro.
Que nos distraímos facilmente.
Que nos julgamos com a mesma maestria.
Vivemos dentro de um lugar "barulhento" da nossa cabeça.
E os reflexos que isso tem na nossa vida e na vida de todo o mundo, literalmente.
Quando sentimos sair do centro, que somos guiados por uma emoção, e não pelo nosso eixo, pergunte-se: de qual informação você está fugindo?
Investigue.
Assuma a responsabilidade da emoção como um portal de informações sobre quem você é.
Negamos nossas emoções.
Não queremos sentir.
E, ao deixarmos de sentir, esquecemos o que é SER HUMANO.
É preciso se reconciliar com a nossa humanidade.
Quando eu sinto, eu lido. Quando eu lido, eu curo.
Geralmente, estamos nessa gangorra. Da vontade de agarrar um novo mundo dentro da gente, e aquele velho mundo da caixinha "segura" que criamos para sobreviver: com todos os padrões sufocantes que nós mesmas inventamos.
Como seria construir um novo mundo dentro de você?
Um lugar onde você se sentiria confortável por ser quem é, não imprópria ou inadequada?
Uma jornada onde você poderia conciliar mente e coração, já que a mente até hoje foi o centro de tudo?
A vida que existe em mim.
A vida que existe através de mim.
Estar no centro é uma ESCOLHA CONSCIENTE.
Piracanga foi um processo de descascar mais uma parte da minha armadura, do meu ego, das minhas limitações mentais.
Um processo de deixar de ser quem eu não sou.
Foram dias lindos, intensos, de banhos de rio, de meditação no amanhecer.
Foram dias sem soutien. Sem batom, sem carne, sem base.
Sem refri, sem álcool, sem desodorante.
Lá, eu não senti falta de nada, porque eu estava cheia de mim.
Até mais, Bahia,
Até breve, Mundos Possíveis.
Com amor,
Roberta Souza