Meu celular parou de funcionar na sexta à noite e tenho tido muitos aprendizados desde então.
Eu sou fã e grudada no meu, embora nos últimos tempos eu mesma já tinha notado que estava "demais". Eu olhava no celular por nada, sabe?
Uma intoxicação sutil que vai mantendo a mente sempre acelerada, sempre cheia.
Meu detox não foi planejado, mas já estou vivendo muitos benefícios dessa experiência.
Até porque eu acredito e defendo uma filosofia de gestão que trata, com a mesma medida, negócios e gente. Sendo assim, falar sobre saúde mental e rotinas de autocuidado tem peso de ouro aqui.
A grande verdade é que o celular virou aquela mania da gente estar sempre olhando, mesmo quando não precisa. Isso foi a primeira coisa que eu constatei.
Ficamos numa ansiedade de logo responder, ou, se não respondemos, a conversa fica pendente na nossa cabeça até conclui-la...será que chegou aquele email...a mãe visualizou e não respondeu, será que aconteceu algo?... só um pouquinho, já falo contigo, deixa eu fazer um pix ligeirinho aqui...
Demandas que chegam de minuto em minuto e nós sentimos que temos obrigação de responder tudo na mesma hora, mesmo quando a gente sabe que a resposta nem está pronta dentro da gente, que precisava ter pensado melhor para decidir. Urgência. O celular foi o meio perfeito para nos mostrar o quanto somos ansiosos.
Na praia, no final de semana, naquele momento de "todo mundo pegou seu celular" eu colocava a mão na bolsa e lembrava que o meu tinha estragado. Dava aquele momentâneo vazio...naquela hora, erguia a cabeça e olhava para o mar.
Não é fácil sustentar o aqui e agora: colocar os pés no chão, sentir o ar pelas narinas. Ficar no vazio. No nada. No tudo. Exige entrega.
O celular preencheu todos os espaços vazios da nossa vida. Será que Platão, Sócrates e Aristóteles existiriam hoje?
Espaços de contemplação, espaços de ócio, espaços para pensar, espaços para simplesmente ver a vida acontecer na nossa frente. Esses segundos de presença absoluta que nos fazem sentir conectados com o propósito da vida.
Temos tido pouco. Ou nada.
A graça da vida virou uma grande ansiedade generalizada. Estamos viciados. Dependentes de distrações.
Sabemos muito pouco de nós sem distrações. Não é somente o celular que nos distrai, até relacionamentos nos distraem. Hábitos, comidas...até mesmo o excesso nas coisas boas nos distraem.
Minha provocação é que você descubra quem é você sem distrações, sem tanto stress.
Crie uma rotina que deixe você mais focada em você, faça o ritual da manhã com seu diário, sua oração e organize sua agenda.
Menos distrações, mais excelência.
Com amor,
Roberta Souza e Silva